Na última sexta-feira, o executivo que guiou a expansão do Google na China nos últimos 5 anos, Kai-Fu Lee, anunciou sua saída da empresa sob a alegação oficial de que iria abrir um negócio próprio em Pequim. Mas, o motivo real de seu pedido de demissão poderia estar ligado às fortes discórdias ocorridas nos últimos meses entre o motor de buscas mais difuso do planeta e as políticas de censura do governo chinês contra a internet.
Segundo reportagem do jornal La Repubblica, o Google, junto a outras empresas de internet estrangeiras, luta há anos contra a chamada "Grande Muralha Digital chinesa", um sistema de censura da internet extremamente ramificado e hierarquizado, controlado diretamente pelos ministérios.
Através de sofisticados procedimentos de informática e milhares de funcionários treinados para acompanhar e controlar as evoluções da web, o sistema é capaz de localizar qualquer opinião considerada perigosa às diretivas do governo e do partido comunista no poder, assim como identificar os dissidentes da internet, que são tratados como criminosos comuns.
Este sistema de controle da liberdade de expressão é constantemente denunciado por organizações como Amnesty International e Peace Reporters.
O último confronto entre o Google e as autoridades chinesas ocorreu há alguns meses, quando o governo de Pequim acusou o motor de buscas de "não ter instalado o filtro contra os conteúdos obscenos conforme previsto pela lei chinesa", afirma o La Repubblica. A empresa norte-americana, mesmo com as inúmeras polêmicas suscitadas pelo caso, decidiu aceitar a auto-censura a fim de não abandonar as enormes potencialidades de mercado na China.
Nos últimos anos, o crescimento da internet na China alcançou recordes mundiais, chegando a mais de 350 milhões de usuários. O Google possui cerca de 20% deste mercado, dominado pelo motor de buscas Baidu, com 75% da preferência dos usuários de internet chineses.